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28/01/10

O Canário Jaspe - Uma Mutação de Futuro

Ágata Jaspe amarelo mosaico diluição simples

Já faz cerca de dez anos que nasceram os primeiros F1, resultados da cruza de um macho Tarin de Magellan, diluição simples, com uma fêmea verde. Esta foi então uma novidade, mesmo no campo da hibridação. Como era uma cor agradável a atraente, eu decidi então, por curiosidade, guardar os F1 diluídos que eram do sexo masculino e tentar fixar esta bonita cor, acasalando-os com fêmeas verdes e azuis. Tive que esperar por dois anos antes de obter um F2 (R1) que fosse diluído e macho. Mas eu não desanimei e quis continuar. Já em posse de um R1 verde macho e diluído, eu acreditei que havia dado o passo principal, mas qual não foi a minha surpresa quando os R1 machos demonstraram ter menos fertilidade que seus precedentes F1. Foi por isso que eu ainda tive que esperar e estagnei por durante quatro outros anos até que obtive um R2 macho diluído que fosse fértil. Foi preciso ter paciência e tenacidade para não abandonar o trabalho. As irmãs do macho da terceira geração R2 não haviam ainda demonstrado fertilidade e, por isso, tive que esperar ainda outro ano antes de obter fêmeas da 4ª geração R3, com o objetivo de obter o caráter dupla diluição (homozigoto), cruzando-as com dois R3 diluídos.

BATISMO - ESCOLHA DA DENOMINAÇÃO

José Antonio Abellan de Murcia



Deixemos ainda a palavra com José: Como todos os criadores experts que eu consultei, mais experientes ou mais antigos que eu na criação e hibridação de Tarins, derrame pouca ou mesmo nenhuma esperança de chegar ao elo final e eu mesmo vi e constatei a dificuldade de passar do F1 ao R1 e do R1 ao R2, eu não divulguei minhas experiências e coloquei em dúvida o seu sucesso. Foi nesta época que meu amigo Guillèrmo Cabrera estava tentando passar a diluição do Tarin ao canário, porém, utilizando os Tarins vermelhos da Venezuela diluídos (Chardonneret vermelho). Ele utilizou esta via pois, teoricamente, o Tarin vermelho tem uma fecundidade maior com o canario que o Tarin de Magellan.

Ele já possuía um macho F1 de Tarin vermelho da Venezuela diluído, cruzado com uma fêmea de canário em lipocromo vermelho e com um branco dominante. Mais ele pôde também constatar no ano seguinte que a fecundidade era pouca ou nula. Guillèrmo Cabrera havia proposto o nome de bijou pensando na beleza que seria esta nova cor assim que ela fosse fixada no canário, mas em cada evento, numerosos são os candidatos mas frequentemente somente um alcança o objetivo.

Uma vez constatada a fecundidade dos machos R2 nascidos na minha criação e tendo diante de mim os resultados das diferentes cores das plumagens obtidas nos filhotes R3 da quarta geração (tanto em verde quanto em azul) José Moreno Sanchez, ornitólogo e grande pesquisador da canaricultura de cor, me sugeriu que o nome ideal seria aquele de uma pedra a qual possui o aspecto que parece com veias ou estrias que desenham finos traços das eumelaninas em contraste com o tom metálico e brilhante do lipocromo de fundo, e me sugeriu o nome Jaspe. A cor Jaspe do desenho das estrias serviria para identificar-se com os três lipocromos possíveis de fundo que são amarelo, vermelho e branco. Antes de nos decidir pelo nome Jaspe, nós tínhamos avaliado a denominação proposta por Guillèrmo Cabrera de denominar bijou mas esta nos pareceu ser muito genérica, mesmo mais que minha primeira idéia de denominar de canário diluído como no Tarin, palavra também genérica e já utilizada para muitas nuances ou cores na canaricultura.

Fêmea Verde Jaspe



Durante estes dias de deliberações e consultas, chega o número 3, de maio de 2002, da revista italiana Alcedo relatando que um criador italiano tentava também fixar a diluição do Tarin no canário, mas como Guillèrmo Cabrera, ele havia escolhido o caminho da hibridação mais fácil, através do Tarin vermelho da Venezuela, com o qual o cruzamento é mais fértil com o canário. Na Itália, eles haviam decidido chamar de ametista, por causa do lipocromo vermelho de tonalidade violácea, mas quando se espera pelo lipocromo amarelo branco, então qual similaridade se teria com o violeta? Foi por isso que ametista não nos pareceu ser o nome mais adequado. Foi assim que, depois de ter consultado E. Gomez Merino, presidente da C.T. dos híbridos e também J. De Elorriaga, diretor da revista Pajaros, o nome Jaspe foi adotado.

FIXAÇÃO DO NOVO FATOR DE DILUIÇÃO

Macho Verde Jaspe



José segue: Ainda que em 2003 eu obtivera cerca de vinte Jaspes de quarta geração R3 em duas cores, verde e azul, dos quais certos machos portadores de marrom, não foi antes da primavera de 2004 que eu obtive a melhor tacha de fecundidade dos machos e das fêmeas, condição indispensável para obter a homozigotia, quer dizer, o novo gene transplantado ao canário, obtendo quatro Jaspes de dupla diluição em verde e azul mais alguns Jaspes R4 de cor canela amarelo e canela prateado diluição simples. Na primavera de 2005, eu obtive Jaspes R5 em verde e azul, com o fator de refração azul que nos dá a impressão de não ver a feomelanina na borda das penas, eu destaquei o desenho das estrias finas (eumelanina) sobre um lipocromo bastante brilhante.



SaibaMais
Origem:
Como acabamos de ver, foi pela introdução da mutação diluída do Tarin de Magellan (Carduellis malleganica) no patrimônio genético do canário. Esta mutação corresponde ao pastel, mas com dois níveis de ação que podem se acumular: simples ou dupla diluição e uma modalidade de hereditariedade diferente do pastel habitual. Criação na Espanha por José Abellan, no final do século 20, início do século 21. Hereditariedade: É um fator de hereditariedade livre e dominante. Não existe fator letal, a mutação pode então se exprimir em simples ou em duplo fator.

• Jaspe fator duplo x Jaspe fator duplo = 100% Jaspe fator duplo

• Jaspe fator duplo x Jaspe fator simples = 50% de Jaspe fator duplo e 50% de Jaspe fator simples

• Jaspe fator simples x Jaspe fator simples = 25% de Jaspe fator duplo, 50% de Jaspe fator simples, 25 % de clássicos (não Jaspe)

• Jaspe duplo fator x clássico = 100% de Jaspe fator simples

• Jaspe fator simples x clássico = 50% de Jaspe e 50% de clássicos (não Jaspe).

Ação da mutaçãoEla modifica a melanina dos quatro tipos clássicos. Existe o negro Jaspe, o ágata Jaspe, o canela Jaspe e o isabelino Jaspe. No fator simples a mutação Jaspe dá um desenho particular formado por estrias dispostas de

A mesma pena vista de cima



maneira diferente em comparação com os exemplares clássicos. Na dupla diluição a melanina é fortemente reduzida. Outra característica, uma forte despigmentação da melanina mediana das penas das asas, o que deixa entrever sobre as asas os reflexos onde o lipocromo se manifesta.Esta é uma característica resultante do Tarin mas por seleção veremos que podemos reduzir este lipocromo sem graça visível no reflexo e obter uma asa com mais melanização.

DISPOSIÇÃO DA MELANINA NAS PLUMAS E DESENHO MELANÍNICO

Azul Jaspe diluição simples.



Plumas das costas - A melanina se encontra concentrada, primeiramente, sobre o eixo da pena (espinha), depois, existe uma zona diluída (diluída mas ainda com um pouco de melanina), de cada lado da espinha (diluição sobre a maioria das partes das penas), pois a melanina se encontra concentrada, em seguida, nas bordas da pena: é uma pena de três linhas. Trata-se da melanina preta ou marrom, de acordo com o tipo. A tonalidade desta melanina é ligeiramente diluída comparada ao tipo clássico para um Jaspe de fator simples e fortemente diluída em um Jaspe fator duplo. Se existe a feomelanina (faltante como nos clássicos) ela se encontra como sempre na extremidade e periferia da pena (fora das linhas). Evidentemente este desenho particular é ligeiramente diferente dependendo da relação com um intenso, um Nevado ou um Mosaico. Da mesma maneira, segundo o tipo da estrutura da pena (mais redonda, grande, pena fina, semifina) o desenho se manifestará mais ou menos bem. Veja fotos das plumas dorsais acima.

Da mesma maneira, a espinha da pena é despigmentada nesta zona, ou ao menos, ela é melanizada somente sobre sua face interior enquanto que sobre no final da pena toda a espinha é melanizada. As rêmiges mais externas são aquelas que mostram mais claramente esta despigmentação.

Rêmiges de um ágata Jaspe de diluição simples (vistas de cima)



Rêmiges do ágata Jaspe - Encontramos um pouco da disposição sobre a espinha como no negro Jaspe, mas o aspecto principal é aquele das rêmiges com diluição e disposição da melanina que adquire uma textura acinzentada clara luminosa com, justamente, a extremidade que é um pouco mais escura.

1) Rêmiges e plumagem de um jovem azul Jaspe diluição simples, com idade de 16 dias, vistas de cima

2) Rêmiges de um negro Jaspe(vistas de cima).



FALHAS DE MELANIZAÇÃO

No Jaspe, pode acontecer que uma ou várias penas não sejam afetadas pela mutação. Elas são, então, ao contrário, fortemente melanizadas sobre o todo ou em parte. Isto é uma falha, e convém, então, cortar esta pena. Entretanto, isto não é hereditáro, a falha acontece por puro acaso (um pouco como as obras da melanina nos canários lipocromos).

Alguns dizem que eu estou sempre interessado nas novidades em canaricultura, no seu estudo e na sua criação. Já faz cinco anos que eu conheci a tentativa feita por José Abellan e eu havia visto com ele os primeiros Jaspes durante o concurso de Irun, em 2003 e 2004, onde José havia levado seus primeiros Jaspes fator duplo de diferentes tipos e com fundo amarelo e fundo branco. Com meu amigo Michel Darrigues tínhamos o projeto de trabalhar esta mutação, mas o episódio da gripe aviária e a diminuição dos encontros internacionais suspenderam nosso projeto. Mas também, com Michel Darrigues, nosso sonho é fazer passar o Jaspe para o fundo vermelho através da cruza com o cobre mosaico e o ágata vermelho mosaico. Em 2008, em Mechelen, houve também um concurso de Jaspes de fundo vermelho: negro Jaspe diluição simples vermelho intenso, canela Jaspe diluição simples vermelho mosaico, negro Jaspe diluição simples vermelho mosaico.

Exemplo de uma pluma com melanização anormal



Para estudar os Jaspes, houve na Fança dois encontros de criadores especialistas: um no Norte e um na minha região . Estudamos grandes orientações para elaborar um futuro padrão e ver as características a desenvolver nestes pássaros.

A primeira orientação é que deve-se cruzar nos Jaspes excelentes exemplares clássicos com estriamentos bem típicos. Constata-se então uma evolução bastante rápida da qualidade dos Jaspes, especialmente na melanização da plumagem e do desenho das estrias. Nos negros, canelas e ágatas, as estrias devem ser bem visíveis (cabeça, nuca, laterais bem estriados), assim como nas costas. No negro Jaspe as costas mostram estrias finas mas numerosas, desenhadas pelas “três linhas”. Estas estrias devem ser alinhadas.

Outra diretriz de trabalho: não criar os de dupla diluição no momento, concentrar os esforços dos criadores sobre os Jaspes de excelente diluição simples e dentro de dois anos cruzar estes simples entre eles para extrair exemplares dupla diluição com desenho melanínico visível.

O trabalho do negro Jaspe deve ser orientado em três direções. Primeira: reduzir o lipocromo nas incrustrações das asas será rápido pois já existem exemplares com pouco de lipocromo visível na asa o que é bem mais bonito (eu falo, evidentemente, para os mosaicos). Este trabalho também pode ser ligado a um trabalho sobre o aumento da oxidação da plumagem, haverá mais melanina preto acizentada na totalidade da plumagem e ela se expressará mais nas rêmiges. Segunda: acentuar a oxidação do bico e das patas cruzando com os clássicos que apresentam de modo natural uma forte oxidação destas partes. Terceira: reduzir a presença de feomelanina. Na realidade, a feomelanina tende a aparecer vindo a se misturar com a melanina cinza/preto do contorno da pena. Será necessário cruzar com os clássicos com forte redução de feomelanina, guardando assim mesmo um quantitativo de preto suficiente. Outra via, fortemente explorada até o presente momento, é a introdução do azul. Isto faz os Jaspes mais acizentados, de um efeito muito bonito mas com falta de oxidação no bico e nas patas, até agora.

O ágata Jaspe fator simples será, sem dívuda, uma jóia da canaricultura. Podemos imaginar pássaros de um cinza diluído bastante luminoso e com um desenho característico.

O canela Jaspe. Parece que a introdução do azul proporciona visualmente belos pássaros, mas de fato, isto impede a aparição das estrias. Convém, portanto, trabalhar o canela Jaspe com os clássicos canelas fortemente estriados e eliminar o azul destes exemplares. É necessário, entretanto, reduzir a feomelanina visivel, mas por seleção genética sem a adição do fator azul.


Neste ninho de negros Jaspes reconhece-se, em primeiro plano, dois Jaspes com as primeiras penas bem mais claras que aquelas do seu irmão clássico, que está atrás



O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DO JASPE

Em 2007, Abellan apresentou aos juízes espanhóis os diferentes exemplares de Jaspes obtidos e os projetos de obtenção. Ele gostaria do ter o reconhecimento do Jaspe dupla diluição pois para José a dupla diluição representava o resultado da mutação. Na reunião dos experts OMJ / COM de agosto de 2008, a Espanha é encarregada de apresentar o reconhecimento oficial do Jaspe de diluição simples e de dupla diluição para o mundial da Itália.

Nas exposições, o Jaspe é, às vezes, exposto em classes separadas (concurso de Mechelen, por exemplo).

UM CLUBE ESPECIALIZADO EM JASPE

Em novembro de 2008, foi criado o Clube Europeu do Canário Jaspe que reúne especialistas franceses, belgas, alemães, italianos e espanhois. Em 17 de outubro de 2009, haverá um grande encontro europeu de Jaspes em Bordeaux (França) para estudar estes pássaros. O presidente do clube, é o juiz francês Patrice Héry. Blog do Jaspe: http://www.club-europeen-du-Jaspe.skyrock.com

Data do artigo: 2009-07-28
Autor: Jean-Paul Glémet e Patrice Héry
Tradução: Daniela Tartari Brusco


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