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20/01/10

Origem do Canário Harz


"Este pássaro é geralmente conhecido pelo nome de canário do Harz. Em Portugal também se encontra sob o nome de “Roller”, “Edelroller”, canário de Saint-Andréasberg. Por volta de 1910, a revista “Select and Modern Avicultur”, sob a direcção de M. le Baron du Theil, dá-nos uma descrição bastante completa quanto à origem destes pássaros.

O Roller é um canário alemão criado e educado duma forma especial. É mesmo um canário sem rival no canto e, perante a virtuosidade do puro “Original Stamm Seifert”, os nossos amigos dos bosques, rouxinóis, tordos, toutinegras, baixam modestamente a cabeça. Este pássaro foi, no passado, filho dos famosos canários de Nuremberg do século XVII. Sabemos, com efeito, que por volta de 1645, os canários desta cidade tinham uma reputação mundial e os seus criadores exportavam entre oito a dez mil por ano. Nesse século os criadores do Harz começaram a aperfeiçoar o canto dos canários. Sensibilizados pelo alto grau de assimilação dos alunos, enquanto seus professores de canto, em vez de lhes ensinarem reles serenatas, tipo flautas ou pífaros, colocaram junto aos canários Rollers de ninho os famosos tentilhões de Thuringe que nessa época tinham uma popularidade maior que o Roller, ao nível do canto. E estes primeiros ensaios foram coroados de êxito. Alguns criadores confiaram a educação dos seus pássaros jovens a pintarroxos, outros a rouxinóis, outros a cotovias, alguns preferiram pô-los sob a tutela das toutinegras de cabeça preta, tordos, etc. Estes velhos pioneiros devem ser considerados como os verdadeiros criadores do Roller e chegaram a produzir seres que não somente cantavam o canto natural dos seus professores como o ornamentavam com pequenas frases musicais inspirados na sua natural arte de cantar.


ESCOLAS DE CANTO DO CANÁRIO DO HARZ

Começaram assim a ser fundadas numerosas escolas de canto à volta de Saint-Andréasberg e cada criador dava um nome particular e apropriado ao género de canto dos canários da sua criação. Durante vários anos os criadores do Harz continuaram a seleccionar os seus canários mais dotados, utilizando para reprodução os que mostravam reais capacidades para aprender uma arte musical inata. O método de trabalho era o seguinte: cada pássaro dum mesmo criador não cantava senão uma estrofe musical essencial ao seu treino (Stamm). Vemos nascer as escolas de Koller, Knorre, Schockel, Wasserrolle, Klingerrolle, etc. Todas estas estrofes musicais, chamadas “Touren” na Alemanha, eram pronunciadas em diferentes tons e claves e de acordo com o estilo e os dons naturais do pequeno artista; se uns chegavam a um tom muito elevado, outros ao contrário, pela força das suas cordas vocais e da sua siringe podiam atingir os tons mais baixos (Hollrolle=Rolado oco profundo). Nos concursos, estes últimos tinham sempre vantagem pois cantavam mais lentamente, pronunciando os seus “touren” duma forma mais harmoniosa, não possuindo no seu repertório nenhum dos sons, muitas vezes agudos e penetrantes dos canários que se limitam a soprar.


TRUTE e SEIFERT - Pioneiros do Harz

A criação do Roller difundia-se de ano para ano e os velhos pioneiros de Saint-Andréasberg viram-se ultrapassados por alguns criadores inteligentes que tinham compreendido a possibilidade de chegar a um aperfeiçoamento mais rápido do Roller. Estes chegaram a apresentar em concursos canários capazes de cantar vários “Touren” tanto num tom baixo como num mais elevado. Outros amadores foram aparecendo, aperfeiçoando sempre o canto, e vemos entrar em disputa os treinos dos Gartner, Volkman, Enrtges, etc., todos criadores de excelentes cantores.

Enquanto cada um lutava por obter a sua coroa de louros, um homem chamado Trute, simples operário mineiro descia por sua vez à arena, ganhando o diferendo a seu favor e possuindo o primor da excelência no canto dos seus Rollers. Os seus canários eram muito procurados pois chegavam a cantar até 32 variações, todas diferentes e com um brio até então desconhecido. Trute eclipsou em pouco tempo todos os outros treinos e ganhou todos os prémios e medalhas ofertados em concursos de canto. Nunca chegámos a saber como é que este homem conseguiu fixar no seu sistema de treino um tão grande número de “touren”, alguns dos quais nunca tinham sido ouvidos até então. Apesar do sucesso de Trute os velhos criadores reprovavam a sua falta de pureza e sobretudo as grandes falhas de harmonia na ligação do canto. Esses criadores procuravam de resto, perder os enrolamentos desprovidos de musicalidade. Ao prosseguirem este objectivo, no final do século XIX, a grande parte do repertório destes pássaros não incluía um bom Roller de canto variado. Estava na moda não se cantar mais de duas ou três estrofes e o canto, apesar de muito puro e com uma harmonia perfeita, chegava a fatigar pela sua monotonia. A procura rareou, a exportação baixou subitamente e a criação alemã treme só de pensar ver-se privada dos milhões que lhe rendia cada ano a exportação dos seus “Edelroller” . Mas, em 1900 dá-se um verdadeiro golpe de teatro. Um operário, Henri Seifert, de Loubtan, perto de Dresde, para grande surpresa de todos os criadores de Rollers, envia ao concurso de canários cantores de Leipzig, um grupo de animais em que a profundidade de entoação, a pureza do canto, o seu modo e a extraordinária quantidade e variedade de “Holrollen” ultrapassam em muito tudo o que se havia ouvido até esse dia; ainda por cima, duas ou três estrofes que nunca tinham sido executadas correctamente por tenores, eram agora ouvidas num voz magistral, em baixa profundidade, obtendo dos juizes, em unanimidade, o máximo de pontos mais um. Estes virtuosos receberam no concurso a mais alta recompensa classificando-se em 1º lugar, bastante acima do treino classificado em 2º lugar. Seifert tinha conseguido produzir “Trute” sem os defeitos destes; todos os Tours sem valor tinham sido suprimidos, e os melhores eram não só mais numerosos, mas também possuidores duma qualidade muito aperfeiçoada. Este concurso foi, para Seifert, o ponto de partida dum sucesso sem igual. Ele tinha vencido onde todos os outros criadores tinham falhado.

Mas como é que Seifert tinha conseguido produzir tal virtuosismo?!

Somas enormes foram-lhe oferecidas pelos criadores mais conhecidos para que ele desvendasse o seu segredo. Seifert soube resistir a todas as tentações e, se não podia evitar responder a uma questão mais directa, dizia simplesmente ter obtido os seus animais cruzando os Rollers de Trute com canários comprados a um comerciante desconhecido. Mas o reinado de Seifert foi de pouca duração. Aparecido em 1900, este grande mestre desapareceu no começo de 1902, saindo da Alemanha - se nos reportarmos a gazetas da época - por histórias que não cabem nestas páginas.


CANARICULTURA: UM DESPORTO, UMA PAIXÃO

Pensamos que a canaricultura é uma arte que queremos dar a conhecer. Os criadores sérios deveriam pôr à venda os seus pássaros, pois essa seria uma forma de divulgar a canaricultura e de encontrar espécies puras. Mas para que assim seja, é importante o comprador não esquecer que a garantia é dada num canário: com anilha fechada, com indicação de origem, e data de nascimento, indicando a sua proveniência.

Existem na Alemanha alguns bons criadores. São uma minoria e não vendem os seus pássaros por qualquer preço, visto os bons exemplares serem cada vez mais raros. É óbvio que há mais países na Europa com tradição de honestidade na criação e venda de canários. E para quem leva a sério esta paixão, esse criador não hesitará em adquirir animais de selecção para fazer as suas criações e proporcionar assim ao amador a compra de bons pássaros a preços razoáveis. Este é também um bom princípio educativo para todos os amadores, e o início de uma criação de sucesso.

Quanto aos que têm por fim especular sobre a ignorância dos compradores é óbvio que esta brochura não terá a sua aprovação. Mas esta brochura não foi feita a pensar nessas pessoas. E se conseguirmos interessar uma parte dos numerosos amadores de canários já estaremos plenamente satisfeitos."


Texto:
Jorge Monteiro, com a colaboração de Angelina Lima

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