.

.
A criar canários desde 1982 - STAM 666H
Criamos atualmente - Gloster Fancy, Arlequim Português, Lipocrómico Vermelho

Telm: 968 094 048
E-mail: goncaloferreira.canarios@gmail.com
Principais Títulos

Campeão Mundial

Arlequim Português

Campeão Nacional
Arlequim Português; Gloster Fancy e Isabel Vermelho Mosaico

Campeão Internacional COM - Atlântico
Campeão Internacional COM - Reggio Emilia

Arlequim Português

Campeão CCAP - Clube Canário Arlequim Português
Arlequim Português

Best in Show Monográfica Terras do Sado
Arlequim Português

Best in Show GCP - Gloster Clube Portugal
Gloster Fancy

09/02/10

Selecção de Exemplares na Canaricultura

Conceitos e generalidades

"O termo selecção aplicado a canaricultura significa a escolha de alguns canários entre um grupo, dando preferência a estes.

O homem vem seleccionando canários há mais de 500 anos. Além desta selecção artificial, o canário doméstico, como todas as espécies, tem sido submetido à influência da selecção natural, tanto de forma parcial devido ŕ vida em cativeiro e por algumas mutações (canários brancos ou enfermos, por exemplo) que em estado silvestre desapareceriam, a qual tem suas vantagens, mas também seus inconvenientes.

A selecção natural determina que os indivíduos de uma espécie melhores adaptados ao meio sobrevivam e transmitam suas características ŕ geração seguinte.

A selecção artificial é eficaz para se trocar os fenótipos nas populações animais e vegetais. Desta maneira, vem se conseguindo, por exemplo, vacas com maior produção de leite, galinhas com maior postura e maior tamanho do ovo, vegetais mais resistentes ŕ pragas, etc.

A selecção (natural e artificial), juntamente com a mutação, hibridação, crossing-over e cruzamentos adequados vem dando origem a numerosas raças e variedades de canários de cor, canto e porte que conhecemos actualmente.

A reprodução sexual por meio de intercâmbio genético, separação dos pares de cromossomos homólogos e sua distribuição aleatória nos gâmetas – processos que ocorrem durante a meiose durante a formação dos gametas – assim como as múltiplas combinações genéticas que se podem dar pelo encontro dos gametas mediante a fecundação, além das mutações, constitui uma importante fonte de variabilidade genética, sobre a qual tanto atuarăo a selecção natural como a selecção artificial – determinada fundamentalmente por um critério de beleza proposto pelo homem – proporcionando a evolução do canário. A seleçăo depende da variabilidade genética, e a sua actuação reduz a “sorte” da variabilidade.

No momento de selecção dos exemplares devemos ter muito claro que características săo transmissíveis pela descendência, as quais se devem ao efeito ambiental e o grau de influência que o ambiente exerce na expressão de determinadas características. A hereditariedade faz referência ŕ proporção de variação fenotípica de uma característica devida ŕ herança e năo a factores ambientais. A hereditariedade pode ser alta, média e baixa. Seus valores oscilam entre 0 e 1. É muito importante conhecer a hereditariedade de cada característica que pretendemos seleccionar, já que em funçăo da hereditariedade de cada característica, obteremos uma pior reposta mediante ŕ selecção; se a hereditariedade é baixa, ao seleccionar os melhores fenótipos, é possível que não elejamos os melhores genes, que poderiam estar “mascarados” pelo efeito do meio ambiente.

As características devidas a uma herança poligęnica ou quantitativas, como o fator de refracção, tamanho, expressão da categoria, são muito mais difíceis de seleccionar e melhorar do que as devidas ŕ uma herança de tipo mendeliano 1, devido a que intervêm numerosos pares de genes (poligenes) e o meio ambiente tem maior influência.

A selecção produz uma variação nas frequências genotípicas2 e fenotípicas3 de uma geração à outra, diminuindo a frequência de alguns genes e aumentando a de outros.

Objetivos da selecção

Por meio da selecção e com o passar do tempo, eliminaremos de nosso criador aqueles canários com características morfológicas, funcionais ou fisiológicas, sanitárias, de comportamento, etc., não desejados e com isto suprimiremos os genes responsáveis pela aparição de tais fenótipos. Devemos priorizar a selecção pela saúde ŕ qualquer outro tipo de selecção, o que nos trará muitas recompensas. É muito conveniente, na medida do possível, levar a cabo uma selecção integral ou total, ou seja, aquela que considera numerosos aspectos do exemplar e não exclusivamente as características sujeitas à avaliação em concursos.

Com a selecção conseguiremos os seguintes benefícios:
Prevenção de enfermidades hereditárias;
Melhora da fertilidade e criação;
Maior resistência ás infecções;
Eliminação de malformações, quistos, etc;
Exemplares mais saudáveis e robustos;
Homogeneidade nas características dos exemplares de nosso criador;
Maior produtividade;

Melhora genotípica e fenotípica na cor, tamanho, forma, canto e todas as características que desejamos á selecção;

Realizam a muda com mais facilidade.

Todos estes benefícios farăo com que o criador se sinta satisfeito com sua actividade ao obter uma melhora na qualidade dos exemplares, o que, sem dúvida, repercutirá nas pontuações destes em concursos e nos resultados da próxima temporada da criação.

Tipos de exemplares a seleccionar

Podemos seleccionar exemplares para a reprodução (selecção de reprodutores), ou bem para fins de competição (selecção de exemplares para concursos – exposições).

Selecção de reprodutores

A selecção de reprodutores é fundamental e constitui o primeiro passo para conseguir a melhora genética em uma ou várias características no grupo ou grupos de canários que criamos. Para que se colha todos seus frutos, a selecção deve posteriormente complementar-se com adequados cruzamentos, baseados em um conhecimento genético básico aplicado a canaricultura, seja de canto, de cor, etc.

Selecção de exemplares para concursos-exposiçőes

A selecção de exemplares com fins expositivos difere em alguns aspectos com respeito ŕ selecção de reprodutores, apresentando as seguintes peculiaridades:

1-Somente serăo seleccionados os exemplares no vos (filhotes);
2-Năo se poderão seleccionar exemplares, que podem ser seleccionados como reprodutores, mas que lhes falte uma unha ou plumagem, por exemplo, ou que năo foram anilhados, etc.
3-Deveremos seleccionar os exemplares que por seu sexo, variedade ou categoria lhes de mais qualidade ŕ essa grama. Por exemplo, os machos tanto intensos como nevados, salvo excepções, são melhores que as fêmeas. Em relação ao tipo, variedade e categoria de que temos disponíveis, se seleccionarão os machos, as fêmeas ou ambos.
A incorporação do factor de refracção melhora, em geral, a qualidade do exemplar.

Número de exemplares a seleccionar

A produção anual de exemplares (quantidade) favorece a melhora genética, já que indubitavelmente, quanto mais exemplares obtivermos, a probabilidade de que entre eles haja bons exemplares seleccionados é directa. Quer dizer, se no lugar de obter 100 exemplares, com os mesmos casais obtivermos 150, é lógico que tiraremos um maior número de exemplares óptimos. Portanto, é muito importante que se tenha uma boa criação, para isso devemos nos dedicar com todo esforço e tempo necessários.
Para obter um número suficiente de exemplares de uma determinada variedade e poder selecionar-los, é conveniente, obviamente, ter um certo número de casais; em tal sentido recomendo o criador ŕ especialização em uma(s) determinada(s) variedade(s). É muito importante partir de exemplares provenientes de uma linhagem de alta qualidade. Por uma maior qualidade de uma linhagem, o número de exemplares de descarte será menor, e vice-versa.

Tenha claro quantos casais formará para a próxima temporada e deixe alguns exemplares de reserva, principalmente fêmeas.

Fique com os exemplares que realmente valham a pena para concursos ou como reprodutores.

Intensidade da selecção

Deve-se dar atenção que mediante a uma selecção muito intensa não reduzamos excessivamente a variabilidade genética em nosso criadouro, o que dará lugar a uma maior consanguinidade, com efeitos negativos sobre a fertilidade, tamanho, etc.

Com uma selecção muito rigorosa poderemos obter bons resultados de forma mais rápida, mas nos resultará numa dificuldade de mantê-los por vários anos se a consanguinidade for muito elevada. Com uma selecção menos rigorosa levaremos mais tempo para conseguir bons resultados, mas nos manteremos durante muito tempo, já que a variabilidade genética é maior e, portanto por haver menor consanguinidade, não aparecerão, ou se aparecerem serão em menor quantidade os efeitos negativos desta.

É muito importante a homogeneidade da linhagem, dentro de uma certa variabilidade genética, mais do que dispor de vários exemplares de óptima qualidade com uma linha mais heterogęnea geneticamente.

A intensidade da selecção diminui com o tempo, já que ŕ medida que passam as gerações, haverá uma maior percentagem de indivíduos que manifestam estas características.

Momento da selecção

Podemos levar em consideração a selecção em dois momentos diferentes:

a)Após o final da criação – Procederemos a eliminar aqueles reprodutores que tiveram maus resultados: machos estéreis, fêmeas com baixa taxa de postura, fêmeas que não criam bem, que biquem os ovos ou os filhotes, casais nos quais morrem a maioria dos filhotes e exemplares que por sua idade não é conveniente que criem na próxima temporada. Igualmente procederemos, dentro dos jovens, a eliminar aqueles pássaros lipocromicos com manchas melânicas, unha ou plumas brancas nos melânicos, malformações, quistos, etc.

b)Após o fim da muda de penas – Terminada a muda, o pássaro expressará o máximo de sua cor e outras características genéticas e será o momento adequado para proceder sua selecção. Se fará uma previa sexagem dos filhotes. Serão eliminados os exemplares com muda defeituosa, pois isto é sinal de saúde delicada. Também poderemos optar por eliminar aqueles exemplares que nasceram muito tarde na temporada, pois é provável que no próximo ano năo criem.

Selecção de exemplares de categoria mosaico

Em relação aos canários de categoria mosaico, em sua selecção deverá levar em conta a linha que seguimos em nosso criador (linha de macho ou linha de fêmeas), e que a selecção seja para reprodutores ou de exemplares para concurso, pois se seguimos a linha macho, as fêmeas mesmo que sejam seleccionadas como reprodutoras, não serão aptas para concurso, pois terão categoria defeituosa. Um exemplo similar, podemos apresentar com os machos mosaicos da linha fêmea, que pela mesma razão anterior não serão aptos para concurso.

Tipos e técnicas de selecção

Previamente ŕ selecção dos exemplares se procederá uma valorização de todas as características a seleccionar.

Para levar em consideração a selecção é muito importante ter um bom registro de todos os exemplares, em que nele constem suas características, filiação, defeitos e virtudes. Este registro poderá ser feito mediante um programa de computador.

Na selecção de exemplares deveremos ser objectivos e não deixemos levar por sentimentalismo por determinados exemplares que poderiam prejudicar a selecção.

É indubitável que para seleccionar uma determinada característica, seja de cor, canto ou postura, devemos conhecer a perfeição das características óptimas da característica que pretendemos seleccionar. O canaricultor está obrigado a ter um conhecimento detalhado e actualizado do padrão dos tipos de canários ou outros pássaros que cria se quiser fazer uma boa selecção de seus exemplares.

Seleccionar baseando-se exclusivamente no fenótipo de cada exemplar isoladamente (selecção individual) é algo parcial, considerando a influencia do meio ambiente, especialmente em algumas características. É importante seleccionar, por comparação com o fenótipo dos exemplares parentes, que dizer, consanguíneos:

Ascendentes, descendentes, irmãos, primos, etc, pois nos dará uma ideia mais aproximada da natureza dos genes deste exemplar, é o que se conhece por selecção familiar. Podemos efectuar este tipo de selecção baseando-nos em:

a) ascendentes (pais, avós, etc)
b) descendentes (filhos, netos, etc)
c) irmãos que é a mais frequente na canaricultura. A selecção por descendentes permite calcular o valor genotípico do exemplar através da observação do fenótipo da prole.

Ás vezes se pode realizar utilizando de forma combinada estas tręs opçőes, o que é indubitavelmente melhor, porém mais trabalhoso.

A selecção em nível familiar é mais confiável que a individual já que se efectua considerando um maior número de dados. A selecção familiar é necessária para seleccionar algumas características, por exemplo, se queremos seleccionar um canário macho pela produção de ovos, teremos que avaliar seu valor genético por seus familiares fêmeas, ou ao contrario, se queremos seleccionar uma fêmea pelas características de canto, deveremos nos fixar em seus familiares machos. Naquelas características de baixa hereditariedade, a partir da observação dos fenótipos de seus familiares, poderemos obter uma informação mais detalhada.

Quando a selecção de um indivíduo se realiza exclusivamente em função do valor de sua família, se fala em selecção familiar e se somente se considera o valor de um indivíduo em relação a família se trata de uma selecção intrafamiliar.

A selecção combinada considera conjuntamente a selecção familiar e intrafamiliar e é mais exata.

Poderemos levar em consideração a selecção de forma isolada para cada uma das características, eliminando os indivíduos ou famílias que pior expressem estas características, ou considerando de forma combinada todas as características a seleccionar e estabelecendo uma pontuação em cada exemplar para cada característica.

Somaríamos todos esses valores parciais em um valor total e para cada exemplar conhecido (índice de selecção). Os métodos usados para construir o índice de selecção são variados. Posteriormente aluaríamos selecionando os exemplares que apresentem um maior valor numérico no índice citado e eliminaríamos os exemplares mais mal pontuados para todas estas características, consideradas conjuntamente. A selecção raramente se utiliza raramente de uma só característica, mas sim para várias ao mesmo tempo. Por menor número de características seleccionadas se conseguirá uma maior qualidade nos mesmos que se o número de
características é maior, já que a precisão de selecção neste último caso é menor.

Considero que a selecção isolada de características é menos rigorosa e mais sujeita a erros que a selecção combinada, já que podemos descartar um exemplar simplesmente porque uma só característica não se expresse correctamente.

Se dispomos de uma variedade com várias linhas de criação, mediante à selecção, podemos actuar reduzindo o número de linhas ou de famílias dentro de uma mesma linha, por exemplo, tomaremos todos os exemplares de cada uma das linhas e compararemos em grupos entre cada linha (selecção interlinha), elegendo as melhores, descartando os exemplares das piores linhas. Posteriormente actuaremos elegendo os melhores exemplares em cada linha (selecção intralinha) ou família seleccionada.

Na medida do possível, teremos várias linhas, assim poderemos optar por reproduzir um maior número de exemplares das linhas de melhor qualidade.

A melhora de uma linhagem é uma questão trabalhosa e em longo prazo, pouco a pouco.

Se seleccionarmos uma determinada família e observarmos, não obstante, que um exemplar se destaca na média na apresentação de uma determinada característica, procederemos a elimina-lo. Quer dizer, deve-se eliminar, em todo momento, as expressões extremas e defeituosas das características que seleccionámos, sempre e quando estamos seleccionando valores medianos e não valores extremos, como ocorre em alguns tipos de selecção, como por exemplo, pelo tamanho. A selecção das características quantitativas como o tamanho, se pode realizar elegendo um dos valores extremos de apresentação de certa característica (por excesso ou por defeito), ou elegendo os valores centrais ("recortar as pontas") em função de que seleccionaremos pássaros grandes, pequenos ou de tamanho normal.

GLOSSÁRIO:

1 - Mendeliano : quando nos referimos ás Leis de Mendel (referentes a tipos de hereditariedade de características genéticas)
2 - Genotípico : conjunto de caracteres genéticos que determinam o fenótipo de um indivíduo.
3 - Fenotípico : conjunto de caracteres físicos (por exemplo cor, desenho) que nos permite identificar indivíduos como pertencentes a um certo grupo."


Rafael Cuevas Martinez
Juiz de canários de cor/FOCDE
Artigo extraído e traduzido do site da FOA
Federación Ornitológica Andaluza
Revista ABC 2006

Sem comentários:

Últimas dos Bloggers