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28/01/10

O Canário Jaspe


Fotografia: Aviário Costa

"Há mais ou menos três anos venho-me deparando com conversas e notícias sobre uma nova mutação ocorrida nos canários de cor.

Munido da minha nata curiosidade fui investigar o fato este ano, encontrando raras publicações técnicas e algumas informações adquiridas em conversas com criadores europeus, na sua maioria, espanhóis e franceses. Resumindo e analisando estas primeiras informações, verifiquei estar diante de algo ainda muito nebuloso, ou seja, uma mutação sendo aprimorada por um criador espanhol e já sendo criada por vários criadores franceses, italianos e belgas. De inicio, nas primeiras notícias o nome desta mutação seria ametista, fato desmentido em uma conversa posterior com o agora, amigo Abellan.

Meu primeiro pensamento, após a decisão de mergulhar no assunto, e investigar a fundo as reais chances de êxito na composição de um artigo técnico baseado em algo que eu nunca vi in loco, foi procurar e conversar com o “pai da matéria”. Fuçando aqui e ali, visitando sites e conversando com amigos criadores, consegui meu primeiro contato com José Antonio Abellan, criador responsável pelo desenvolvimento da mutação Jaspe nos canários de cor. Primeiro contato que me rendeu muitas risadas, devido ao meu natural nervosismo e ansiedade, acoplados ao meu quase regular portunhol. Abellan é padeiro de profissão, filho de padeiro e famoso criador espanhol de canários de cor, em especial de cobres intensos e nevados, como também reconhecido criador das hibridações de canários com pássaros silvestres. Reside na região da Múrcia e é presidente e fundador da Asociasón Murciana de Ornitofilia (A.M.O). As conversas foram muitas, os e-mails foram inúmeros, e a troca de informações foi extremamente satisfatória para o início da confecção deste artigo. Abellan se mostrou extremamente amigável com uma imensa vontade de me ajudar neste texto. Em nossa terceira conversa ele me colocou em contato com Rafael Cuevas, Juiz OMJ e professor de biologia, pessoa de fundamental participação e colaboração para o meu entendimento da área genética da mutação Jaspe, posto que mais a frente vocês irão constatar ser uma genética complexa e bem diferente das quais estamos acostumados a lidar em nossos criadouros. O material fornecido por Abellan é farto e interessante, impossível de ser exposto apenas neste artigo. E como as novidades estão chegando a cada momento, o que não foi possível mostrar qui, deixo para os próximos que com certeza virão abordar este assunto.

Breve Histórico

Em 1995, Abellan adquiriu na exposição internacional de Régio Emilia um macho diluído de Pintassilgo sul-americano (Carduelis megallanica), conhecido na Espanha como “cabecita negra”. Através do cruzamento deste pássaro com inúmeras canárias verde intenso e azul, obteve muitos machos diluídos já nas primeiras cruzas. O cruzamento destes F1 com canárias foi um tanto trabalhoso pois no primeiro ano nenhum deles demonstrou fertilidade, fato que dois anos depois se mostrava o contrário. Abellan começava ali a transmitir o fator de diluição ocorrido no pintassilgo para os canários de cor. Em 2003 já com a geração F4 do pintassilgo diluído adquirido em 1995, Abellan notou que já estava lidando com canários de cor, e que em sua grande maioria, os machos mutados provenientes dos F3 eram fecundos, tanto os machos como as fêmeas também. Estava pronto o ponto de partida para a transmissão do fator jaspe para as outras melaninas. Pois a geração F4 já não carregava as características do pintassilgo, como cabeça preta e outras.

Após 12 anos do primeiro acasalamento, a mutação jaspe já é uma realidade concreta no criadouro de Abellan como em inúmeros criadouros da Europa. No ano de 2005, em posse da quinta geração (R4) de Jaspes, não restando mais dúvidas de que eram canários mutados, Abellan começa a transmitir o fator para as outras melaninas como ágatas, canelas e isabelinos.

O fator vermelho foi introduzido através do cruzamento com o Tarin da Venezuela, estando hoje já implantado também nas várias melaninas.

Características e Genética

A mutação Jaspe é muito diferente na forma de atuar comparada às ultimas mutações reconhecidas, ônix e cobalto. O jaspe em sua simples diluição possui uma genética completamente fora dos padrões que conhecemos, em nosso dia-a-dia com canários. Uma transmissão batizada por Abellan de dominância parcial, ou seja, do acasalamento de um Jaspe puro com canária normal já se obtém machos puros e fêmeas puras na prole.

Fato curioso nesta hereditariedade, é não existir o portador, os filhotes normais deste acasalamento não portam a mutação. Em conversa com o Juiz OMJ e biólogo Sr. Rafael Cuevas, conheci o verdadeiro nome deste fator de transmissão, genética, conhecido pelos geneticistas como semi-dominância.

Do acasalamento de dois exemplares puros se obtém 50% de Jaspes puros, 25% Jaspes dupla diluição e 25% de clássicos normais não portadores.

A mutação jaspe reduz fortemente a eumelanina, e ao contrário dos asas-cinza, também reduz fortemente a feomelanina pois vem acompanhado do factor de refracção azul, eliminando esta última nos exemplares mais diluídos.

Em momento algum devemos confundi-lo com o asas-cinza, pois sua diluição é completamente diferente, sendo esta comparada no então ressaltado por Abellan, “padrão alar”, onde se repara que no jaspe, a eumelanina se dispersa em toda pluma, fato que no asas-cinza ela é diluída e se concentra na borda das
penas. Devido a esta diferença, não se observa no Jaspe o perolado do asas-cinza. Esta diluição, provoca no jaspe um efeito metálico impressionante. Suas estrias são finas e a cor de fundo se torna bem evidente devido a forte dispersão da eumelanina.
Em fato, o jaspe provém de uma mutação ocorrida em um outro tipo de pássaro e introduzida no canário de cor.

Não é a primeira vez em que uma característica que provem de um outro tipo de pássaro entra no patrimônio genético do canário de cor, temos o exemplo do fator vermelho e do mosaico. O jaspe dispersa fortemente a eumelanina e reduz a feomelanina (a cor de fundo do negro-marrom jaspe se aproxima do tipo ágata). O fenótipo difere muito das outras mutações que se conhece nos canários de cor.
Estas observações devem ser bem ponderadas e com muita precaução, porque o Jaspe ainda está no início da sua criação.

O Reconhecimento

O Jaspe já foi exposto duas vezes em campeonatos nacionais da Espanha e deve ser apresentado no nacional deste ano pela terceira vez, para a apreciação da Comissão Técnica de Juizes da Federacion Ornitológica Cultural Deportiva Espanõla. Esta terceira mostra em campeonatos nacionais é o prazo máximo para ser reconhecido na Espanha. Ocorrendo a homologação por parte dos Juizes espanhóis, este deve iniciar uma nova etapa de apresentações, que pelo regulamento, deve ser de três anos, em campeonatos mundiais oficiais da C.O.M. O jaspe foi exposto na Exposição internacional de Régio Emilia, sendo muito elogiado por Juízes e criadores.

Um dos grandes simpatizantes da mutação Jaspe, Juiz O.M.J. , o belga Johan Van Der Maelen admira a nova mutação e alerta a quem ainda não conhece o pássaro, a não adotar nenhuma opinião antecipada. Segundo Van der Maelen o Jaspe tem fortes chances de ser homologado pela C.O.M. em alguns anos.

Mas esta é uma opinião pessoal.

Eu, particularmente, não enxergo grandes chances nas várias melaninas, a exemplo do canário asas-cinza, o Jaspe, se for homologado, deve se fixar apenas nos Negro-marrons.

Nesta sim, o Jaspe se mostra um canário típico mostrando, as mais recentes gerações, manter as características hereditárias da mutação.

É fato que a opinião dos Juizes espanhóis é muito mais positiva comparada à opinião dos Juízes especialistas da O.M.J.

Mas devemos esperar e torcer para que o amigo Abellan e os demais criadores do Jaspe consigam a tão almejada homologação. Se for considerado, o trabalho destes criadores e a paixão com que eles abraçaram esta causa, o Jaspe seria reconhecido com toda certeza. Abellan já possui em seu criadouro mais de 300 exemplares Jaspes puros, respondendo a uma das exigências da homologação oficial da cor, que trata da perpetuação da mutação.

Como este tramite oficial leva algum tempo, no próximo artigo que faremos, abordando a dupla diluição, com certeza teremos mais novidades a respeito da homologação do Jaspe por parte da O.M.J.-C.O.M. (hemisfério norte)."

Fonte: Brasil Ornitológico
Por: FÁBIO RODRIGUES
JUIZ OMJ - SECÇÃO D

2 comentários:

Anónimo disse...

Por favor gostaria que colocassem os créditos de minha autoria no artigo em questão sobre os jaspes.
Não creio ser de boa ética publicar uma autoria minha sem colocar o crédito de meu nome.

Grato

FÁBIO RODRIGUES
JUIZ OMJ - SECÇÃO D

Gonçalo Ferreira - Mundo dos Canários disse...

Efetuada a devida retificação, só agora possível. A única referencia que tínhamos era a do Brasil Ornitológico. Forte abraço

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