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14/11/10

Asas Cinzas


"Introdução

Os canários asas cinza são sem dúvida uma das cores da linha escura mais facilmente identificada pelos criadores, até mesmo um iniciante que já tenha se deparado com exemplar poderá identificar um indivíduo asas cinza sem precisar de uma avaliação criteriosa no tipo.

Apesar de simples a identificação e também bastante fácil escolhermos os melhores canários dessa cor, o acasalamento requer muito conhecimento técnico por parte do criador, sendo comum acontecer de um criador comprar um asas cinza campeão brasileiro chegar em casa, acasalar e se decepcionar com sua prole... aí surge aquela dúvida no até então promissor novo criador desta série: será que o campeão brasileiro que comprei foi “maquiado”, não era tudo aquilo que mostrava ou me venderam porque era um pássaro que não tinha boa procedência genética, foi tirado ao acaso? Também pode acontecer deste mesmo criador comprar um asas cinza que não era tão bom quando ao campeão, acasalar e tirar filhotes semelhantes ao que ganhou a exposição, nessa situação vai sair achando que já sabe tudo sobre acasalamento de asas cinza.

Essas situações acontecem com uma certa freqüęncia, principalmente com os novatos na canaricultura e este artigo tem por finalidade desmistificar o acasalamento dos canários asas cinza, abordando uma parte técnica de formação de melaninas nas penas e plumas. Isto, quando entendido de forma clara o acasalamento destes belos pássaros, torna-se fácil e prazeroso.

Em 1966 surgiram os primeiros canários asas cinza em criadouro italianos e começaram a serem expostos na década de 70 no Hemisfério Sul; peculiarmente é uma cor que não surgiu de uma mutaçăo, tendo como origem os canários pastéis negro marrons oxidados (azuis, verdes e cobres), que quando acasalado sucessivamente pastéis x pastéis da origem a uma dupla diluição, causando uma zona de despigmentação na plumagem, formando o efeito “perolado” do dorso do exemplar e uma banda cinza na cauda e asas, dando origem ao nome desta cor.

O objetivo principal de todo criador de canários é sempre tirar exemplares campeões, para isso precisamos saber quais os critérios de julgamento da FOB/OBJO.

Manual de julgamento traz como critério dos asas cinza:

“Devemos preferir os pássaros que apresentam as bandas cinza pérola das asas e cauda bem largas e nítidas, ocupando quase totalmente as remiges e retrizes, deixando apenas pequena faixa de melanina depositada em suas extremidades, cuja cor é cinza claro.

Devemos também valorizar os pássaros que apresentam em toda plumagem, e especialmente no dorso, a influęncia da dupla diluição, ou seja, aqueles em que as extremidades das penas pequenas guardam maior depósito de eumelanina negra que na parte média, originando o desenho escamado. O dorso totalmente despigmentado, apesar de ser cinza aperolado, é indesejável.

É obrigatório a presença de banda cinza pérola também na cauda e a sua ausência implica em desclassificaçăo do exemplar. Caudas totalmente despigmentadas acarretarão perda de pontos.

Como nos negro marrons oxidados pastéis, devemos preferir pássaros de coloração acinzentada, com a mínima presença de feomelanina, que provoca tonalidade tendendo ao marrom, pés, unhas e bico devem ser o mais negro possível.”

Resumindo o critério, os canários asas cinza devem ter as penas do dorso, remiges e retrizes com uma banda cinza, larga e nítida, na parte central da pena e na borda uma faixa de eumelanina o mais negra possível.

PRODUÇÃO E DEPÓSITO DE MELANINAS

A produção de melaninas nos canários, que irá pigmentar penas, pele e partes córneas, é feita pelos melanócitos, que são formados nos melanoblastos das papilas das penas. Estes melanócitos desencadeiam, através da enzima tirosinase, a produçăo de grânulos pigmentares que ficam localizados dentro dos melanócitos, nos canários normais estes grânulos recebem um aporte de melanina que é interrompido quando estes chegam no seu tamanho normal.

Nos canários pastéis a mutação atua no aporte de melanina nos grânulos pigmentares que não para quando estes atingem seu formato e tamanho normal. O aporte não é freiado e os grânulos ficam, por conseguinte, maiores (até ficarem redondos). Isso acarreta conseqüęncias enormes para o melanócito que não consegue processar este aumento de pigmentos, incha e a membrana celular rompe pela pressão causando uma “explosão” e a morte prematura de muitas destas, impedindo que concluam sua função de pigmentação da pena. Este fenómeno causa redução das melaninas caracterizando a mutação pastel.

Quando realizamos acasalamentos sucessivos entre canários pasteis a tendência é que aumente o aporte de melanina nos grânulos acarretando um maior número de explosões provocando a morte precoce de um número grande de melanócitos dificultando severamente o depósito de eumelanina na pena.

A medida que o crescimento da pena progride a produção de melanina que irá se depositar nos grânulos se acelera, isso explica o porque das penas dos canários asas cinzas terem a borda da pena uma faixa melânica: a pena tem seu desenvolvimento do ápice para a base, então no início do desenvolvimento, a produçăo de melanina não esta tão acelerada, assim nem todos os melanócitos tem sua membrana rompida conseguindo depositar eumelanina na borda pena. Conforme a pena vai crescendo se intensifica a produçăo de melanina aumentando o tamanho dos grânulos, causando as “explosőes” em praticamente todos melanócitos e assim impedindo o depósito de melanina no centro da pena. Quando conseguimos um exemplar asas cinza com características fenótipicas citadas no parágrafo anterior, vamos ter um pássaro com o tipo bem próximo do ideal.

O criador no intuito de ir deixando seu plantel com a banda cada vez mais cinza, pode cair no erro de chegar num exemplar asas cinza “pra mais”, ou seja, um canário que aumentou tanto o aporte de melanina nos grânulos que acarretou a morte precoce dos melanócitos desde o início do desenvolvimento da pena, ficando assim o tipo do canário com o defeito de năo possuir a borda da pena melânica.

Também pode acontecer que o criador selecione pássaros com a intenção de deixar a borda da pena mais escura e mais nítida e acabar tirando canários asas cinza “pra menos”, ou seja, para aumentar a intensidade da borda da pena, teve que ser reduzido o aporte de melanina nos grânulos, podendo em alguns indivíduos essa diminuição ter sido tão grande que não há morte suficiente de melanócitos na pena, não causando o efeito perolado no dorso do canário, ficando ele com uma banda cinza reduzida na cauda e asas.

As fêmeas asas cinza dificilmente apresentam o dorso perolado, isso acontece porque elas produzem uma quantidade menor de melaninas, por conseqüęncia não aumentam o tamanho dos grânulos pigmentares e não acontece a “explosão” dos melanócitos.

ACASALAMENTOS

O acasalamento dos canários asas cinzas é um verdadeiro desafio: um canário campeăo quando mau acasalado, não terá melhor resultado que um canário médio bem acasalado. Vamos simular algumas situações de acasalamentos;

Quando você tem um macho muito bom de tipo, a fêmea mais recomendada para acasalar com ele será uma que possua dorso aperolado e uma banda cinza visível nas asas e se possível na cauda;

Quando você tem um macho bom de tipo, onde a borda das penas já não possuem uma marcação tăo evidente o canário começa a tender “pra mais”, a fęmea mais recomendada para acasalar com ele será uma que possua dorso apastelado e asas e cauda toda cinza chumbo sem banda, uma canária com o tipo de um negro marrom pastel;

Quando vocę tem um macho regular de tipo, com o dorso tendendo ao apastelado e bordas melânicas muito largas nas asas e cauda, um exemplar “pra menos”, a fęmea mais recomendada para acasalar com ele será uma que possua bandas bastante evidentes nas asas e cauda e o tipo do dorso começando a ficar perolado;

Quando vocę tem uma fęmea asas cinza com dorso perolado, isto é, trabalhado nos mosaicos devido ŕs fęmeas concorrerem separadas dos machos, ela terá que ser acasalada com um macho “pra mais”, assim as fęmeas descendentes manterăo o perolado no dorso;

Quando vocę tem um macho fraco de tipo, um canário pra mais, sem borda melânica nas penas, e este indivíduo năo for mosaico, o mais recomendável é que seja acasalado com uma fęmea negro marrom oxidado normal, recomeçando o trabalho de chegar no asas cinza ideal.

Devemos sempre acasalar pássaros com a menor presença de feomelanina possível (pois esta se deposita nas bordas das penas, ocupando o lugar onde deveria ter eumelanina, prejudicando muito o desenho do canário), dando preferęncia aos que possuem a maior envoltura possível com bico, pés e unhas mais negros possíveis.
Conclusăo

O criador de asas cinzas é um verdadeiro artesăo que “fabrica” seus pássaros: conseguir fazer um canário asas cinza campeăo é gratificante e um motivo de orgulho muito grande para o criador."

Fonte: Eduardo Martins
Juiz FOB/OBJO
Revista SOSM 2006
Arquivo editado em 15/12/2006

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