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20/01/10

11 Anos de Urucum


"Caro amigo criador.........parece mentira, mas já se vão 11 anos desde que chegaram às nossas mãos os primeiros exemplares de canários inicialmente chamados de “bico vermelho”. Eles surgiram no criadouro dos Sres.

Maercio Laranjo e Rogério Diniz que, muito amigos e parceiros de criação, perceberam que de fato estavam nascendo exemplares com características diferenciadas do normal.

O Sr. Laranjo me comentou ao telefone sobre a “descoberta” e tentei encoraja-lo à dar continuidade ao trabalho, com vistas à verificar se de fato se tratava de uma mutação.

Interessado na adquisição de alguns exemplares do meu criatório, o Sr. Laranjo me propus uma troca por alguns desses curiosos canários e eu, embora jamais tivesse visto esses pássaros, tomado pela curiosidade, aceitei na hora.

Vieram 2 machos que de fato tinham características inegávelmente diferentes, porém apresentavam sérios problemas de coordenação motora, o que tornava ainda muito maior o desafio de alcançarmos algum resultado positivo na reprodução.

Estava então lançado um desafio.

Um enorme horizonte onde não tínhamos idéia aonde poderíamos chegar.

A esperança era grande, mas as probabilidades de comemorarmos os resultados fantásticos hoje obtidos e que nos reconfortam, eram de fato remotas.

Várias barreiras deviam ser superadas.

Primeiro desafio:

As características diferenciadas correspondiam à uma mutação?

Precisavamos pesquisar se as características apresentadas correspondiam de fato à uma mutação ou não.

Assim, o primeiro passo era fazer “portadores” para depois, por retro cruzamento tentar a obtenção de exemplares puros.

Na primeira etapa, já descartamos a possibilidade de se tratar de mutação ligada ao sexo, pois de machos puros nasceram fêmeas tradicionais não mutadas fato que eliminou totalmente essa hipótese. Restava então a esperança de se tratar de mutação autossômica recessiva.

Na segunda geração, depois de perder o único exemplar puro que tínhamos adquirido do Sr. Maercio Laranjo, cruzamos meio irmãos entre si, e supostamente portadores da mutação.

Como o fator sorte estava do nosso lado, tivemos a indescritível emoção de ver os primeiros filhotinhos recém nascidos com o bico totalmente vermelho e perfeitamente diferenciado do bico isento de pigmento lipocrômico dos clássicos.

Foi sem dúvidas um dos momentos mais marcantes e emocionantes que já tenhamos vivido na canaricultura.

A primeira barreira estava superada. De fato se tratava de mutação autossômcia recessiva, inconfundível e fantástica pelas suas características.

Segundo desafio:

Fixar a mutação e aumentar a rusticidade.

Era preciso agora fixar esta mutação multiplicando o número de exemplares puros de forma a evitar que a mesma se perdesse.

Os exemplares mutados apresentavam sérios problemas de rusticidade e notórios problemas de coordenação motora. Não tínhamos meios científicos de determinar se tratava-se de problema neurológico, de visão ou de qualquer outra índole.

Cientes de estarmos frente a um duplo desafio, topamos fazer um planejado trabalho de fixação da mutação buscando ao mesmo tempo conferir rusticidade aos exemplares mutados.

Assim, cruzamos os canários puros com fêmeas excelentes criadeiras das mais variadas origens buscando a fixação de rusticidade e aptidão reprodutora.

Percebemos nitidamente dois aspectos muito importantes:

1) a manifestação de problemas de coordenação motora variava em intensidade entre os diferentes exemplares puros, o que dava um nítido indício de que por seleção genética, usando os exemplares com menor ou nenhum problema, poderíamos chegar à pássaros com comportamenteo totalmente normal;

2) a intensidade da cor do bico também variava entre os diversos exemplares, o que indicava que por seleção genética também conseguiriamos exemplares com o bico à cada vez mais vermelhos.

As primeiras fêmeas puras que obtivemos tinham péssimo comportamento reprodutivo.

Não tinham disposição para construir o ninho, nem chocar e muito menos tratar dos filhotes.

Isto nos levou a trabalhar sempre com fêmeas portadoras que por sua vez manifestaram extrema disposição como mães.

Os machos, embora apresentassem sérios problemas de coordenação motora, se mostraram com libido acima dos normais e altíssimo nível de fertilidade.

Terceiro desafio:

Identificar as características técnicas e sua transmissividade genética

A intensidade do vermelho do bico desses pássaros varia bastante, de tal sorte que, como na plumagem, futuramente poderiam ser mais valorizados os canários com vermelho mais vivo no bico, fruto de aprimorada seleção genética.

Uma das constatações mais surpreendentes foi, no entanto, a de que o diferencial destes canários não está somente no depósito de lipocromos no bico e patas, mas que a borda branca das penas dos canários nevados não é mais branca e apresenta também depósito de lipocromos de tonalidade mais diluída do que na cor de fundo, proferindo à plumagem uma coloração de beleza impar e características jamais vistas.

Fizemos alguns cruzamentos com canários brancos recessivos na tentativa de obtermos canários brancos de bico vermelho. Depois de várias tentativas chegamos à conclusão de que o fator recessivo, além de inibir o depósito de lipocromos na plumagem, também inibe o depósito dos mesmos nas regiôes côrneas (bico e patas).

Por outro lado pudemos constatar claramente que a mutação “marfim” afeta diretamente o depósito de lipocromos no bico e patas, sendo que os canários marfims apresentam bico e patas cor de rosa, ou seja com vermelho diluído a semelhança do que ocorre na plumagem.

A apresentação na Europa

Por ocasião da nossa visita à Exposição Internacional de Reggio Emília em 2003, tivemos a oportunidade de apresentar alguns exemplares da nova mutação.

O sucesso foi tal que na própria inauguração do evento e perante as Autoridades Presentes, o Sr. Presidente da Associação local convidou todos os presentes para ver “ a novidade de Reggio Emília 2003” para a nossa surpresa, todos foram levados perante os nossos canários onde foi feito um pequeno discurso e recebemos pessoalmente os parabéns pelo trabalho realizado.

Recebemos naquela ocasião palávras de estímulo do Sr. Pierre Groux que muito nos entusiasmaram à continuar.

O nome

Na busca de uma nomenclatura tipicamente brasileira, e uma vez constatado que a raridade destes canários não se limita exclusivamente à pigmentação do bico, e por sugestão do Sr. Agenor Zanette batizamos estes canários de “URUCUM” em homenagem à essa planta da nossa flora que tanto vínculo tem com as raízes culturais deste país.

O atual estágio

Hoje dispomos de mais de 40 casais desta belíssima mutação.

A etapa final é o melhoramento das características de concursos tais como variedade, categoria, tipo, etc.

A enorme quantidade de exemplares descartados inicialmente, de gaiolas dedicadas a um projeto que nenhum resultado aportaria do ponto de vista competitivo imediato, sempre foram mais um estímulo para ir adiante e buscar a excelência destes pássaros.

Hoje recebemos inúmeros e-mails de vários países do exterior tal com França, Holanda, Bélgica, Itália, Espanha, Canadá e Estados Unidos, além dos países sul americanos. Fomos entrevistados pela famosa Revista ALCEDO (maior publicação mundial de ornitologia) onde além de matéria de 4 páginas, estes canários foram incluídos no Grande Livro de Canaricultura por eles publicado.

Recebemos pedido oficial da Federação Holandesa para fazer uma matéria sobre o nosso trabalho com fotos na primeira página destes incríveis canários.

No Brasil temos informações de alguns criadores amigos que também obtiveram belos exemplares tais como Biq Canaril, Carlos Lemo (topete alemão Urucum), Adriana Duarte, etc.

Hoje existem registros de ocorrência de canários com características similares na Espanha, Bélgica e Estados Unidos.

Recebi várias consultas sobre a minha experiência ao respeito, e pude verificar que esses criadores estão ainda tentando superar as primeiras etapas na tentativa da fixação desta mutação.

Na temporada de cria de 2006, estamos tento muito sucesso na reprodução de exemplares puros, como podem verificar nas mais recentes fotos destes canários que sem dúvida chegaram para ficar.

O trabalho está pronto.

Os resultados superaram as nossas expectativas. O reconhecimento internacional e por sobre tudo, o prazer de ver à cada ano pássaros mais bonitos nos convencem de que valeu a pena todo o esforço e trabalho silencioso realizado nestes útlimos 12 anos.

Entendemos que uma “Nova Mutação” para ser aprovada deve acima de tudo atender os seguintes conceitos:

Características próprias de beleza e identificação

Número suficiente de exemplares que garantam a continuidadeda mesma.

Estamos convictos de estarmos frente a um caso onde as idéias acima são incontestávelmente atendidas.

Este trabalho silencioso de vários anos foi feito com o entusiasmo e a convicção de estarmos perante a pioneria idéia da primeira Mutação ocorrida e fixada no Hemisfério Sul.

O BRASIL ostenta hoje uma posição de absoluto destaque no hâmbito internacional pelo padrão de qualidade so nossos exemplares, pelo fantástico Pavilhão de Exposições, e acreditamos que certamente será motivo de orgulho também pelo trabalho específico realizado com estes belos pássaros.

É ao BRASIL que me recebeu, deu a família, os inúmeros amigos e a felicidade de viver no fantástico meio da ornitologia que dedico todas essas horas de empenho."

Por Álvaro Blasina

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